sábado, 10 de setembro de 2016

Arouca-Benfica (2.ª parte)


Foi uma segunda parte menos bem jogada do que a primeira parte, embora aqui ou alise vissem algumas jogadas interessantes. A perder 1-0 ao intervalo e depois de ter concedido tantas oportunidades, Lito mexe na equipa tirando Crivellaru e lançando Gégé que se foi colocar como defesa direito. Em consequência disto, Anderson Luís passou para defesa esquerdo, Hugo Basto para defesa central, Nuno Coelho para médio defensivo e André Santos para interior.

Apesar destas mudanças, o Benfica começou logo à procura do segundo golo. Aos 47 minutos boa jogada de Rafa na esquerda que sofre falta de Jubal junto à linha direita da grande área do Arouca. Na marcação, Pizzi em vez de procurar os seus homens altos, optou por rematar em arco para defesa fácil de Bracalli.

Aos 51 minutos Nélson Semedo ganha a linha e cruza para as mãos de Bracalli que incompreensivelmente deixa sair a bola após um cruzamento fraco feito já em desespero para evitar a saída da bola. Na marcação do canto, Grimaldo cruza e Lisandro que estava perto de Bracalli, desloca-se para o primeiro poste e sem tirar os pés do chão desvia a bola para dentro da baliza. Novamente o Benfica a beneficiar de facilidades incríveis pois nem o defesa junto ao primeiro poste, nem Bracalli decidiram atacar a bola.

Quando se pensava que o jogo estava decidido, Lito tira Mateus e lança Walter Gonzalez aos 55 minutos e em dois minutos o jogo mudaria completamente de figura. Após um corte de Jardel, Pizzi solicitou o apoio frontal de Rafa que imediatamente devolveu a bola. Como Jubal tentou antecipar-se a Rafa, ficou aclarado o espaço nas suas costas. Pizzi deu dois passos e logo lançou Rafa que conduziu até que dentro da área Hugo Basto entrou sobre Rafa deixando o benfiquista e todo o banco a reclamarem penalty.

Com isto não se preocupou o Arouca e foi para a frente. Após um lançamento a bola volta ao jogador que tinha lançado que cruza para o segundo poste onde aparece Walter Gozalez a saltar de cabeça sozinho e a fuzilar Júlio César aos 57 minutos. Péssimo Nélson Semedo neste lance. Aquando do cruzamento, Semedo estava muito mais avançado que a linha defensiva marcada por Jardel. Mesmo estando a fechar ao meio, Nelson Semedo tem que corrigir a corrida devido ao seu deficiente posicionamento. Em vez de abordar o lance de frente para a bola, Semedo dá dois passos para trás para lá tentar chegar, só que com a excelente impulsão de Walter Gonzalez não lhe permitiu sequer estorvar o jogador do Arouca. Júlio César nada podia fazer.

Em dois minutos, de um confortável 0-2 e um possível 0-3, o jogo passava para um equilibrado 1-2 abrindo ao Arouca todas as expectativas de disputar o resultado. Como uma mal nunca vem só, para o Benfica, somou-se a lesão de Rafa aos 60 minutos, tendo Carrillo entrado 2 minutos depois. Mal entrou, Carrillo cria um desequilíbrio colocando Pizzi numa boa posição para desequilibrar ainda mais a defesa do Arouca, mas este prefere rematar contra Gégé que já fora de campo o empurra. À semelhança da primeira parte com um jogador do Arouca, o árbitro não tolerou as reclamações de Pizzi e mostrou-lhe um amarelo.

Aos 66 minutos nova jogada de perigo do Arouca, Fejsa tenta recuperar a bola bem dentro do meio-campo do Arouca e é batido, lançando o Arouca o contra-ataque. Walter Gonzalez faz um passe do flanco esquerdo para o flanco direito e Zequinha opta pelo passe atrasado para Artur, que aproveita o atraso de Fejsa e remata sendo esse remate interceptado por Lisandro. Júlio César alivia a bola de uma forma deficiente para a entrada da área e Horta é lento a reagir permitindo o remate de primeira de André Santos que passa a rasar o poste. Sinais claros que ambos os médios-centro do Benfica já começavam a acusar um défice físico e permitiam que o jogo ficasse partido.

Aos 76 minutos, Lito esgota as substituições colocando Kuca no centro do ataque saindo Zequinha, o que implicou a deslocação de Marlon para a ala esquerda e Walter Gonzalez para a ala direita. Três minutos depois, após um corte de Jardel que parou um intrépido Gégé, a má recepção de Pizzi leva-o a deslocar-se do corredor esquerdo para o corredor central quase que atropelando Carrillo. Inteligentemente Carrillo desloca-se para o corredor esquerdo, visto que os defesas seguiram atrás de Pizzi que levava a bola. Em mais uma má decisão perto da área, em vez de solicitar Carrillo, Pizzi opta pelo fácil passe em Guedes que cruza pelo ar para trás, obrigando Carrillo a um remate acrobático que sai na direcção da lateral.

Aos 81 minutos a última jogada de perigo do Arouca. Após mais um dos vários livres laterais que o Benfica tão displicentemente concedeu, Marlon antecipa-se a Jardel mas cabeceia pessimamente. Por não gostar de ver o jogo tão partido, Rui Vitória opta por tirar Salvio que continuou a somar más decisões na segunda parte e meter Samaris que se colocou ao lado de Fejsa. Carrillo mudou para a ala direita, recuando para o meio-campo e Horta passou para uma posição mais avançada o que causava menos exposição em caso de perda de bola. Samaris foi um pronto-socorro, ajudando tanto Fejsa como libertando Horta para tarefas mais ofensivas.

Aos 87 minutos Grimaldo marcou um livre perigoso após uma insistência de Semedo. Mal nas decisões, Semedo lutou e recuperou uma bola, tendo-a perdido logo a seguir, mas Nuno Coelho já vinha com o pé alçado e derrubou-o apesar de a bola já estar com Jubal.

Aos 88 minutos depois de Jardel se livrar de dois adversários, o que causou o pânico entre as hostes benfiquistas devido à segurança com que Jardel os fintava perto da área benfiquista, Fejsa toca em Samaris. Samaris conduz e toca na ala em Pizzi, continuando a correr e pedindo a bola mais à frente com um movimento para a linha lateral da área do Arouca. Pizzi respeita o pedido e Samaris roda e devolve a bola para o meio, não para Pizzi que se atrasou, mas para Carrillo que rematou forte para uma boa defesa de Bracalli.

No minuto seguinte Horta daria um preview do que faria mais à frente. Fejsa marca um livre para Grimaldo que conduz para a ala e entrega a Pizzi mais à frente, Horta pede a bola na profundidade e arrasta consigo o defesa aclarando o espaço no corredor central. Pizzi e Samaris percebem e atacam esse espaço mas devido à lentidão de Pizzi a defesa recoloca-se. Então, enquanto Horta temporiza, Samaris faz um movimento de ataque à linha lateral da grande área, semelhante ao efectuado um minuto antes e aclara definitivamente o espaço no corredor central. Horta percebe o movimento de Samaris e passa para Pizzi que tem uma deficiente recepção e acaba por perder a bola, quando tinha todas as condições para criar uma jogada de perigo.

Aos 93 minutos, Rui Vitória esgota as substituições lançado o júnior José Gomes para o lugar do muito desgastado Gonçalo Guedes e no minuto seguinte Horta faz uma grande jogada na ala esquerda, deixando dois adversários para trás e passando atrasado, mas José Gomes não consegue chegar à bola. Quem chega é Carrillo que com condições para marcar o terceiro golo obriga Bracalli a mais uma boa defesa para canto. Pouco depois o jogo acaba.

Esta segunda parte foi definitivamente menos interessante. Mais do que discutir casos de arbitragem, interessa-nos perceber as dinâmicas das equipas. Apesar de ter mexido na equipa ao intervalo, foi o Benfica que mostrou vir com vontade de rapidamente resolver o jogo. Em consequência do golo sofrido num canto com marcação à zona, Lito mudou imediatamente para marcação mista/homemxhomem nos cantos seguintes. Mais do que os resultados que teve neste jogo penso ter sido um retrocesso no processo defensivo do Arouca.

Marcação à zona não é ficar parado a olhar, é saber ocupar o espaço. Quem opta por marcações à zona com a colocação de um jogador no primeiro poste, este jogador nunca pode ficar agarrado ao poste aquando da marcação do canto, a menos que o jogador contrário tente marcar um canto directo. O jogador deve partir do poste e se a bola cair nas suas proximidades deverá atacá-la, não caindo deverá subir imediatamente para tentar colocar em fora-de-jogo os adversários.

Mas não só o Arouca mostrou retrocessos nas bolas paradas defensivas. Também o Benfica o mostra a cada jogo. Os espaços não são convenientemente cobertos e o guarda-redes não se pode deixar ficar na linha de golo. Mas mais, em alguns livres laterais na segunda parte, o Benfica teve alguns jogadores com referências individuais, em vez de procurar ser compacto e tapar os espaços. Daqui originou que pelo menos duas vezes o Arouca conseguisse ganhar bolas de cabeça na área do Benfica. Num jogo em que os detalhes contam, uma pior performance nas bolas paradas defensivas trás custos muito elevados como se viu contra Nacional e Setúbal.

Nélson Semedo continua com grandes limitações a nível defensivo. Com a recuperação de André Almeida, mesmo marcando golos, Semedo tornar-se-á candidato a sair devido à sua incapacidade no momento defensivo, em especial em conseguir gerir a questão do alinhamento defensivo. Se por um lado melhorou em termos de fechar ao meio, continua a mostrar um grande desrespeito por quem marca a linha, ora adiantando-se extemporaneamente ora recuando para trás do último homem e criando zonas atrás dos centrais onde os adversários se podem colocar em jogo. Ofensivamente é mais a vontade do que o critério. Sim, marcou um golo e esteve envolvido em várias jogadas ofensivas incluindo a que originou o canto do segundo golo, mas fez um jogo muito fraco.

Ao invés, do outro lado Grimaldo fez mais um grande jogo com precisos desarmes, compensações e mostrando o que deve fazer um lateral quando tem a bola. O dia e a noite, assim se pode caracterizar o desempenho dos laterais do Benfica.

A lesão de Rafa pode tornar-se complicada porque Rafa apesar dos falhanços nas execuções técnicas mostra um entendimento de jogo bastante grande e uma forma física apreciável. Ao invés, Carrillo continua a demonstrar que o tempo de paragem ainda lhe pesa um pouco. Foi possível ver neste jogo mais um conjunto de pormenores que indicam toda a qualidade, técnica e inteligência que tem, faltando-lhe ainda a capacidade física para explodir ao mais alto nível.

Depois do 1-2, o Benfica baixou linhas e tornou os seus ataques mais rápidos, o que com jogadores mais cansados tende necessariamente a implicar piores decisões. Pizzi continuou muito bom sempre que se encontrava a 30/40/50 metros da baliza adversária, mas sempre que se aproximava da baliza o seu critério afundava. Guedes com a quebra física e o estando mais afastado do médios desgastou-se demasiado em corridas inúteis e com bola foi decidindo cada vez pior. Salvio continuou no seu nível medíocre, agravado pelo facto de ter abandonado o corredor central e se posicionar quase exclusivamente no corredor lateral.

Com a quebra física Fejsa e especialmente Horta foram perdendo influência no jogo e capacidade para lutar pela recuperação da bola. Se por um lado as opções tácticas conduziram a essa menor influência, a diminuição do fulgor físico impediu-lhes que jogassem tanto em antecipação dos lances. Com o avanço de Horta para segundo avançado, aproveitou as suas últimas energias para fazer duas jogadas que mostraram toda a sua qualidade e inteligência.

Samaris foi um bom bombeio de serviço. Refrescou a energia do meio-campo e soube sair com a bola. A selecção e o fecho do mercado parecem ter-lhe feito bem. Não tendo grandes responsabilidades em termos de cobertura aos centrais e com liberdade para conduzir, a sua entrada permitiu ao Benfica ter mais bola e evitar que o jogo se mantivesse tão partido.

Uma última palavra para José Gomes que ficou a centímetros de se ter estreado com um golo. É jovem, precisa de crescer, mas não deve ser ignorado nesta fase crítica de lesões. Se calhar o resultado não tinha sido o mesmo caso tivesse entrado mais cedo, pois mostrou uma razoável leitura dos lances e uma frescura que o Guedes não tinha desde pelo menos os 65-70 minutos.

Uma vitória justa com momentos de bom futebol, mas que poderia e deveria ter sido melhor jogado durante mais tempo. Muito interessante o novo conceito do 4-4-2 de Vitória que soube fazer das contrariedades forças. Veremos como a volta dos 3 avançados mais consagrados irá alterar o futebol do Benfica.

Arouca-Benfica (4.ª jornada) - 1.ª parte


Infelizmente o tempo não nos permitiu ter feito o acompanhamento do início do campeonato como queríamos, nem um balanço sobre as últimas movimentações de mercado. Além disso, tem havido uma forte caça às imagens, pelo que os trabalhos de análise estão especialmente difíceis. Ainda assim tentaremos, na medida do possível analisar os jogos começando por uma descrição dos eventos.

A primeira parte dividiu-se em 3 partes distintas:

- Até ao golo do Benfica (16 minutos) que sucedeu de forma algo fortuita e sem que nada de relevante se tivesse passado até aí;
- Do golo do Benfica até aos 31 minutos, em que o Benfica construiu 5 ocasiões de golo claras;
- Dos 31 minutos e até ao fim da primeira parte em que novamente o jogo diminuiu de ritmo e nada de muito relevante há a assinalar.

Arouca 4-3-3
Bracalli
Anderson Luís, Jubal. Nuno Coelho (cap.) e Hugo Basto
André Santos, Artur e Crivellaru
Zequinha, Marlon e Mateus

Benfica 4-4-2
Júlio César
Semedo, Lisandro, Jardel e Grimaldo
Fejsa, Horta, Salvio e Pizzi
Guedes e Rafa

O primeiro lance de perigo relativo aconteceu aos 5 minutos após um passe bombeado de Salvio que Rafa teve dificuldades em receber e com essas dificuldades deu tempo a Jubal, que no início da jogada estava bastante afastado de Nuno Coelho, recuperar e cortar para canto.

Neste início de jogo as equipas pressionavam alto e obrigavam a muitas bolas bombeadas para a frente, vários duelos aéreos e nenhum verdadeiro domínio de jogo. Aos 16 minutos Salvio recupera uma bola no círculo central, lança em profundidade, mas sem hipóteses de Semedo chegar à bola, só que Nuno Coelho tenta o corte, a bola ressalta em Semedo e como Bracalli tinha sentido para tentar receber a bola, esta dirigiu-se para a baliza deserta. A sorte bafejava o Benfica que sem saber se via a ganhar o jogo com uma oferta da defesa e guarda-redes do Arouca.

Na resposta ao golo, o Arouca devido a um mau posicionamento de Fejsa, ganhou um espaço no corredor central e conseguiu ganhar um canto. Do canto, Marlon ganha de cabeça na pequena área a Júlio César só que cabeceia mal por cima da baliza. A partir desta resposta, deu-se um vendaval de Benfica.

Com uma equipa muito móvel, com grande reacção à perda e com grande poder de recuperação de bola, destacando-se em especial Fejsa, o Benfica conseguiu criar 5 oportunidades de golo, aliás foram 6 mas duas são na mesma jogada.

Aos 19 minutos, grande passe de Horta na profundidade, Guedes ultrapassa Jubal e à saída de Bracalli entrega a bola a Rafa que falha o remate e desperdiça a primeira grande oportunidade criada pelo Benfica.

Aos 23 minutos, recuperação de Fejsa, passe vertical a solicitar o apoio frontal de Guedes que lhe devolveu a bola e novo passe de Fejsa para as costas de uma defesa muito adiantada do Arouca. O passe era para Guedes, mas Salvio foi mais rápido, conduziu para o corredor central até ser desarmado, tendo sobrado a bola para Guedes que tentou um remate colocado perante um Bracalli que ficou a ver a bola passar ao lado do poste. Pizzi esperava o passe solto na esquerda.

Aos 25 minutos, Lisandro ganha uma bola de cabeça na defesa, Guedes faz o mesmo na zona de ataque e Rafa passa por Jubal como se fosse de mota e isolado frente a Bracalli tenta o chapéu mas este faz uma grande defesa.

Aos 28 minutos, Horta recupera uma bola no meio-campo e entrega em Salvio no círculo central. Salvio conduz e com Guedes e Rafa a pedirem a bola no corredor central nas costas dos defesas, opta por passar à esquerda a Pizzi que entra na área descaído sobre a esquerda e com Rafa em posição privilegiada e Salvio a entrar no meio dos defesas, opta pelo remate para a defesa de Bracalli, gorando-se assim mais uma ocasião. Mas, no ressalto, Fejsa recupera a bola e faz uma tabela com Guedes que lança Fejsa no corredor direito e este em vez de cruzar como é habitual vermos, opta pelo passe atrasado e Rafa em posição privilegiada, em desequilíbrio remata para as nuvens falhando assim outra clara ocasião de golo.

No minuto seguinte e após o pontapé de baliza, Horta ganha uma bola no círculo central e com o primeiro toque lança Guedes na profundidade no lado direito. Com Semedo e Rafa a afundarem a defesa no corredor central e com a cobertura do Jubal, Guedes opta por cruzar e Pizzi completamente solto remata sem deixar cair a bola atirando ao lado. O Arouca estava completamente perdido em campo, vendo sucessivas vagas de ataques perigosos e em que só as más decisões e más execuções impediram a construção de um resultado muito volumoso na primeira parte.

Aos 31 minutos, mais um passe vertical de Lisandro a solicitar Salvio no corredor central, este a conduzir para a área e em vez de solicitar Rafa nas costas dos defesas, o que o deixaria isolado frente a Bracalli, opta por um remate que sai ao lado. A partir deste momento o Arouca começou aos poucos a ter mais posse de bola no meio-campo, quer defensivo, quer ofensivo e não mais permitiu a criação de jogadas de perigo ou ocasiões de golo.

Além de alguns livres mal marcados pelo Arouca, a única jogada relevante foi um bom entendimento entre Pizzi, Horta e Grimaldo no flanco esquerdo que acabou com o espanhol numa boa posição efectuar um mau cruzamento.

Nesta primeira parte, Fejsa esteve imperial, quer na recuperação de bola, quer nos passes verticais que fez rapidamente. Tanto ele como Lisandro conseguiram comer metros com a bola indo muitas vezes para os pés de Salvio que apareceu muitas vezes no corredor central. Se Salvio apareceu muito bem a dar linhas de passe dentro do bloco para os defesas e meio-campo na fase de criação, já as suas decisões foram geralmente do pior a que nos habituou: conduziu bem, mas escolheu quase sempre mal a forma de terminar a jogada. Em termos de decisões, conseguiu estar pior que Guedes e ao nível de Pizzi perto da área.

Pizzi é um jogador que cria sentimentos ambivalentes. Se por um lado, assegura a superioridade nas fases de construção e criação, quer por se mostrar entre-linhas, quer pelas linhas de passe que assegura constantemente aos portadores da bola, por outro continua a mostrar uma péssima capacidade de decisão sempre que está perto da área, preferindo sempre a tentativa de êxito individual à procura da melhor decisão para o colectivo.

Rafa falhou essencialmente nos aspectos técnicos. Tacticamente Rafa acrescenta uma riqueza impressionante ao ataque do Benfica mas somou más execuções técnicas quer na finalização, quer na recepção, perdendo bolas e ocasiões muito flagrantes. É provável que Rafa tenha que ser trabalhado ao nível da tranquilidade, pois tendo uma capacidade técnica assinalável, é incompreensível que tenha tantas falhas de execução.

Guedes foi uma surpresa. Claro que Guedes continua a ter falhas na decisão e na execução, mas a sua dinâmica, a busca da solução colectiva, o inesperado entendimento com Rafa quanto aos terrenos que cada um pisava e aos movimentos que cada um fazia, mostraram um Guedes muito prometedor.

Finalmente Horta. É inacreditável que ainda se discuta se o Benfica necessita de um 8. Os passes longos, a condução, a recuperação de bolas, o critério, as compensações que fazia à esquerda sempre que Pizzi ia criar desequilíbrios ao meio e à direita. É um jogador que apesar de ter tudo continua a ser vítima dos estereótipos ignorantes que assolam o futebol quanto à necessidade de "cabedal". Horta necessitará de ganhar resistência e se jogar permanentemente 90 minutos, perto do fim da época de certeza que a terá.

Na defesa o destaque vai para Lisandro que além de vários duelos aéreos ganhos, esteve muito bem nos passes verticais. Grimaldo também se exibiu a bom nível, sendo que Jardel pouco teve que jogar e Semedo alternou o bom com o menos bom. De Júlio César apenas há a referir a falha no canto que poderia ter custado o empate logo a seguir ao golo do Benfica, bem como uma insistência desnecessária em bater bolas longas.

Como referi, a falta de imagens não pode documentar as afirmações, mas para quem pensa que Salvio não esteve mal refiro os lances aos:

- 16 minutos - no lance do golo um mau passe que acaba por dar golo após um corte contra Semedo
- 21 minutos - perda de bola após condução e tentativa de drible
- 23 minutos - é desarmado por tentar um lance individual num contra-ataque
- 24 minutos - após uma recuperação e passe de Fejsa, opta por correr no corredor direito e cruza para as mãos de Bracalli, sem presença na área de jogadores do Benfica que pudessem acorrer ao cruzamento
- 26 minutos - após Grimaldo conduzir desde a área ao círculo central, recebe a bola e perda-a na condução
- 28 minutos - embora o passe para Pizzi tenha criado uma ocasião de golo, se o passe entra em Guedes ou Rafa estes ficariam isolados no corredor central ao contrário de Pizzi que estava descaído sobre a esquerda
- 31 minutos - remate disparatado quando podia isolar Rafa à entrada da área
- 34 minutos - recupera uma bola dando um cabrito num adversário e passa logo em Guedes (boa acção)
- 35 minutos - oferece uma cobertura a Semedo (boa acção)

Além destas acções, somou mais 5 lançamentos laterais que foram cortados pelo adversário sem que daí surgisse nada de interessante (apenas em 2 o Benfica recuperou a bola após o corte do adversário).

Rui Vitória está e em meu entender bem, a tentar mudar a forma de Salvio jogar, afastando-o do corredor lateral. O problema é que Salvio continua a mostrar um entendimento muito deficiente do jogo. Veremos a evolução do jogador, mas conduzir e depois decidir mal não é jogar bem, por muito que isso encante os olhos dos adeptos.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Supertaça - Benfica-Braga Análise da 2.ª Parte

Para a segunda parte, nada de novo, Benfica e Braga a voltarem conforme acabaram a primeira parte em 4-4-2 e logo nos primeiros segundos, Semedo ultrapassa bem dois jogadores e dá a bola a Horta que ganha na dividida. A bola sobra para Cervi que ao decidir e executar mal o passe permite a intercepção dos defesas do Braga e perde-se uma jogada com muito potencial.



Com tanto espaço em direcção à baliza, Cervi tem que conduzir e esperar que um defesa fique fixado antes de soltar a bola, mas ao ver o movimento de ruptura de Mitroglou, a tentação de fazer uma assistência, foi demasiado grande para o jovem argentino. O Benfica voltava como tinha acabado a primeira parte, com más decisões e más execuções a evitarem a criação de jogadas de grande perigo.

Na resposta, Rafa faz um túnel a Grimaldo e solicita na profundidade Stojiljkovic, mas Luisão antecipa-se a ele e a Júlio César, cedendo inutilmente o canto, quando bastava fazer a protecção da bola.


Rafa começava a abrir o livro e a tornar-se o pesadelo da defesa do Benfica. O jogo estava repartido e após uma boa combinação entre Semedo e Pizzi, este último fa um grande passe para Jonas que mostra a sua falta de forma e deixa-se antecipar, no que poderia ter sido outra jogada de grande perigo.


Na resposta, o Braga lança na profundidade Rafa, mas este é apanhado em fora-de-jogo devido à leitura de Lindelof.


Na imagem, novamente Luisão atrás da referência individual no corredor lateral e Lindelof a controlar a profundidade da linha, aguentando ao máximo para colocar Rafa fora-de-jogo. Aos 51 minutos nova jogada de perigo do Braga, Mauro cruza e Tiba deslocando-se da da entrada da área, passa elas costas de Lindelof, ataca o espaço entre os centrais e por pouco não chega à bola na cara de Júlio César.







Nestas duas imagens podemos ver Fejsa está a oferecer a cobertura a Grimaldo que, com a ajuda de Cervi, impediu que Rafa conseguisse cruzar enquanto que o espaço à frente dos centrais está completamente descoberto. Horta vai sair a quem cruza e Pizzi não acompanha Tiba que inteligentemente escolhe as costas de Lindelof, enquanto que Luisão, além de estar atrasado em relação à linha, fica preso na referência individual de Stojilikovic, em vez de se preocupar com quem entra nas costas de Lindelof.

Na resposta. depois de Lindelof ter tentado encontrar Cervi entre-linhas, é Jonas que a partir da ala esquerda, descobre um enorme espaço na defesa do Braga onde Pizzi aparece mas não consegue aproveitar.


Baiano sai a Jonas na linha lateral e Boly oferece a cobertura para evitar que Cervi possa receber com muito espaço. Como nem Mauro, nem André Pinto fecharam o espaço, Pizzi teve tempo e espaço para receber e decidir. Os centrais do Braga nunca mostraram grande capacidade de leitura dos lances, permitindo a criação de espaços enormes em zonas muito perigosas e viriam a pagar por isso.

Aos 55 minutos, novamente Pizzi a receber com tempo e espaço, mas a decidir-se mal pelo remate em vez de ter jogado a superioridade depois de uma recuperação de Fejsa e de uma boa penetração de Horta.

A recuperação de Fejsa após a dividida entre Cervi e Baiano

Fejsa coloca em Horta que recebe de costas para a baliza do Braga

Horta com uma recepção orientada tira Pedro Santos e conduz até à área onde deia a Pizzi

Pizzi recebe na área e pode aproveitar a vantagem de 3 vs 2 mas opta pelo remate

Na área marcada estão Pizzi, Mitroglou e Jinas versus André Pinto e Goiano, porque a penetração de Horta atraíu Boly que ficou fora da jogada. Pizzi poderia fixar André Pinto e libertar em Mitroglou que, ou teria condições para rematar, ou fixaria Goiano e poderia libertar em Jonas que ficaria 1x0+gr. Novamente uma má decisão a evitar uma jogada de grande potencial.

Um minuto depois Horta recupera uma bola no meio-campo do Benfica, conduz e deixa em Grimaldo que combina com Cervi e ganha a linha de fundo e assiste para trás, mas com a defesa bracarense bem colocada e alguma lentidão na execução de Jonas o Braga consegue evitar uma jogada de grande perigo.

Recuperação de Horta

Horta progrediu, tem 3 adversários próximos com Cervi na linha e Grimaldo por dentro

Triângulo no lado esquerdo com Horta, Cervi, Grimaldo, Cervi

Triângulo executado e três adversários para trás


Boly e André Pinto, bem colocados na linha a dar cobertura, ao aperceberem-se da intenção de Cervi, corrigem os apoios e André Pinto vai evitar que o remate de Jonas tenha sucesso.

Aos 60 minutos Tiba ganha bem sobre Pizzi e Fejsa no corredor esquerdo junto à linha de grande área, ultrapassa Semedo mas ao fazê-lo adianta a bola e Horta corta a jogada. Aos 62 minutos, lance semelhante, mas do lado direito da grande área, com Baiano a passar por Cervi e Grimaldo, mas Lindelof a cortar a bola no meio da área.

Aos 64 minutos Peseiro mexe tirando Tiba e metendo Wilson Eduardo, enquanto que Horta continua a mostrar toda a sua disponibilidade, quer para atacar, mas também para defender.


Semedo perde a bola e Wilson Eduardo com Horta por perto, lança Rafa deixando-o a ele e a Stojiljkovic numa situação de 2 vs 2 face aos centrais do Benfica.


Depois de um pique de 60 metros, é Horta que vai cortar o lance, depois de Luisão ter feito e bem a contenção a Rafa, embora na última finta tenha ficado com os apoios trocados. Isto é intensidade defensiva. Em 6 segundos, Horta correu quase 50 metros para trás ganhando metros a todos os jogadores no terreno de jogo. Isto é algo que o Benfica não teve no ano passado e pode ter este ano e não é preciso ter grande cabedal, basta comprometimento com as tarefas defensivas para lá das ofensivas.

Wilson Eduardo muda o centro de jogo devido à inferioridade numérica na zona da bola

Rafa percebe que Semedo está desposicionado e pede a bola no espaço

Rafa a fazer uma grande recepção, Luisão a abordar mal o lance e Rafa fica na cara do golo

Perante a má abordagem de Luisão, Júlio César é rápido a reagir e vai fazer mais uma grande defesa

A substituição de Peseiro começa a dar frutos imediatamente, pois estando mais fresco, Wilson Eduardo traz maior esclarecimento ao meio-campo bracarense. A defesa do Benfica fica bastante mal na fotografia, quer no controlo da largura e coberturas, quer na forma de ler o lance, orientar os apoios e abordar o lance, apenas se salvando o guarda-redes.

Aos 68 minutos no Benfica entra Jimenez para o lugar de um apagado Mitroglou, que esteve mal nos duelos aéreos, perdeu quase todas as bolas para Boly e mostrou pouca velocidade e mobilidade, não conseguindo arrastar os defesas, nem se libertar deles para finalizar. Peseiro opta também por refrescar o ataque e faz entrar Hassan para o lugar de Stojiljkovic.

Um minuto depois, a maior perdida do Braga. Livre de Grimaldo sobre a esquerda que Marafona facilmente agarra e opta pelo pontapé longo para explorar a velocidade de Rafa e Pedro Santos.

Defesa do Benfica a não proteger o corredor central

Nem Semedo, nem Horta, nem Cervi (teve que ser Grimaldo) fecharam o corredor central

Num livre normalmente ficam os laterais mais recuados, devido à sua baixa estatura, mas tendo em conta que Grimaldo bateu o livre, além de Semedo deveria ter ficado outro jogador, provavelmente Cervi devido à sua baixa estatura. A verdade é que do lado esquerdo, teve que ser Grimaldo a tentar, infrutiferamente, recuar. Júlio César escorrega na saída e Rafa ganha em velocidade, contorna o guarda-redes e falha com a baliza aberta.

Depois de escorregar, Júlio César percebe que não chegará primeiro

Rafa ultrapassa Pedro Santos

Sem ninguém na baliza, Rafa falha o empate

Devido ao mau posicionamento inicial, isto é, apenas Semedo estava a proteger o corredor central, os defesas do Benfica tiveram que fazer mais metros que os jogadores do Braga. Horta, não mostrou desta vez a velocidade de recuperação, Júlio César teve um azar na saída ficando a meio caminho e apenas a má execução de Rafa evitou o golo bracarense.

Aos 73 minutos, má abordagem de Fejsa, perdendo um duelo no meio-campo adversário permite a Wilson lançar Hassan, que temporiza e coloca em Rafa que cruza mas Wilson não consegue chegar para concluir o lance.

Wilson ganha a Fejsa

Wilson opta por passar para o pé em vez de para a profundidade talvez devido aos apoios de Lindelof

Hassan temporiza e serve Rafa

Rafa sem grandes soluções

Para evitar o corte de Luisão, a bola de Rafa vai tão puxada que Wilson não consegue finalizar

Um conjunto de más decisões do jogadores do Braga evitou que este lance tivesse outro desfecho. Numa primeira fase Wilson ganhou bem a bola a Fejsa e progrediu, mas decidiu passar a bola cedo demais, talvez com receio de a perder para Luisão. Lindelof que tinha os apoios para proteger a profundidade, mas não estava a respeitar a linha de Luisão, beneficiou que a bola fosse passada para o pé de Hassan, em vez de para a profundidade nas suas costas.

Hassan, com o passe que recebeu, teve que temporizar, o que permitiu a Grimaldo ocupar o centro da defesa em cobertura a Lindelof que teve tempo para mudar os apoios e fazer a contenção a Hassan. Como Luisão não respeitou a linha definida por Grimaldo, o primeiro que fazia a cobertura, Hassan poderia ter optado pelo passe bombeado ou cruzamento para Wilson no segundo poste de modo a fugir a Luisão. No entanto, Hassan, percebeu como estavam orientados os apoios de Lindelof e optou por passar a Rafa que ficaria com tempo para jogar, devido a Lindelof ter que rodar sobre si próprio.

Ao tentar aproveitar o tempo que Lindelof perderia com a rotação sobre si próprio, Hassan condenou o lance, pois Rafa ficou quase sem opções. O cruzamento rasteiro é bem puxado e a fugir aos defesas e ao guarda-redes, mas também fugiu a Wilson que não teve a rapidez para entrar no segundo poste. Quem não marca, arrisca-se a sofrer.

Na sequência desta jogada o Braga ganhou um canto e depois de mais uma recuperação de Horta, Cervi pressionou Baiano, no seu meio-campo ofensivo e ganhou um lançamento lateral que executou rapidamente para Jonas. 


Jonas recebeu, passou a bola por cima de Vukcevic e colocou em Pizzi no corredor central.


Pizzi, com tempo e espaço suficientes, ao ver que Boly e Vukcevic se preparavam para sair a ele abrindo um buraco onde Jonas se desmarcava, tomou uma grande decisão e com uma boa execução, deixou Jonas na frente do guarda-redes adversário.


Pode estar fora de forma, mas na cara do guarda-redes, Jonas não costuma desperdiçar as oportunidades e aos 75 minutos matou o jogo.


Mais uma vez, a má leitura de jogo de Boly desequilibrou defensivamente o Braga. Ao se desposicionar, abriu o espaço para que Jonas ficasse isolado, tanto mais que Vukcevic chegava para ir fazer a contenção a Pizzi. Baiano fixado na referência individual de Jimenez a dar condição a Jonas (algo que também acontecia com Goiano), também não fechou o espaço, mas o grande erro é de Boly.


Nesta imagem é possível ver a defesa do Braga em 4 linhas diferentes. Boly e Vukcevic, os mais adiantados a saírem a Pizzi. André Pinto a tentar colocar Jonas em fora de jogo numa segunda linha. Goiano a não reagir está numa terceira linha em cima da área a dar condição a Jonas. Finalmente, Baiano, preocupado apenas com Jimenez, é o mais atrasado e coloca todos em jogo. Não há qualquer coordenação dos 4 defesas para tentar o fora-de-jogo. Boly abre um espaço enorme no corredor central ao reagir a uma referência individual (adversário com bola) e Baiano preocupado com outra referência individual (adversário sem bola) afunda a linha defensiva.

Muito mal o Braga defensivamente. Muitos erros, próprios de quem trabalha há pouco tempo com um treinador novo, mas muitos erros na leitura de jogo de Boly e Baiano.

Aos 78 minutos, saiu Jonas e entrou Samaris para tentar acalmar o jogo e ganhar a luta de meio-campo. Tendo em conta que a maioria do jogo do Braga foi directo, esta substituição só se entende pelo desgaste de Jonas e por Rui Vitória querer ter aluém fresco para recuperar rapidamente no terreno, evitando lances como o que ocorreu aos 70 minutos em que Rafa e Pedro Santos ficaram na cara de Júlio César. Com esta alteração, Horta ocupou o lugar de Jonas e Samaris colocou-se de perfil com Fejsa.

Apesar de conseguir ser mais um homem no meio-campo defensivo, o que permitiu dar mais linhas de passe na saída de bola, de ter recuperado logo 3 ou 4 bolas e de ter feito 3 ou 4 faltas na rápida reacção à perda de bola, aos 81 minutos Samaris não foi capaz de travar mais uma rápida transição do Braga que com Rafa e Vukcevic conseguiram criar perigo, terminando a jogada com remate cruzado de fora da área do montenegrino.

Aos 83 minutos, um mau alívio de Fejsa, passividade de Pizzi e Mauro recupera uma bola à entrada da área e remata em arco ao lado da baliza. O Braga criava lances de perigo, mas já não de um perigo iminente e com finalizações de alto grau de dificuldade e poucas probabilidades de sucesso.

Aos 86 minutos saiu Cervi e entrou Salvio. Logo a seguir Fejsa perde uma bola no círculo central, com Lindelof e Luisão abertos, como costumam estar na saída de jogo e Hassan tenta aproveitar o adiantamento de Júlio César para marcar de chapéu, mas falha a execução.

Perda de bola comprometedora de Fejsa

Vendo o adiantamento de Júlio César, Hassan tenta o chapéu

Júlio César nada podia fazer

Depois deste lance, Peseiro faz a última e incompreensível substituição, a menos que tenha sido por esgotamento físico, a saída de Pedro Santos e a entrada de Djavan.

Aos 92 minutos, Horta recupera uma bola na defesa.



 sai rapidamente com a bola controlada e coloca em Salvio no corredor central.


Salvio progride pelo corredor central, apesar de Vukcevic conseguir recuperar, passa por ele e apesar de ter espaço no meio para progredir e fixar os adversários, opta pelo passe para a esquerda para Jimenez no pé.


Devido a este passe precipitado de Salvio, que dificulta a recepção de Jimenez, Marafona e Boly conseguem tapar os caminhos da baliza ao mexicano.


Após a defesa de Marafona, a bola sobra para Pizzi que, com técnica e classe, executa um chapéu perfeito fazendo o 3-0 final.


O Benfica fechava com chave de ouro um encontro em que a diferença na execução ditou a diferença no resultado. A maior qualidade técnica dos jogadores do Benfica fez a diferença.

De resto foi um jogo típico de início de época, com muitas falhas individuais e colectivas. Vários jogadores apresentaram ainda índices físicos e ritmo competitivo relativamente baixos. Defensivamente, ambas as equipas mostraram muitos erros, o Braga mais em organização defensiva, o Benfica mais em transição defensiva.

O Braga optou por um jogo mais directo, provavelmente porque Peseiro observou as dificuldades que o Benfica demonstrou na pré-época sempre que as bolas são metidas nas costas dos laterais. Pedro Santos especialmente na primeira parte e Rafa especialmente na segunda parte apresentaram problemas insanáveis ao Benfica. Em organização defensiva o Braga esteve simplesmente péssimo. Os defesas demasiado preocupados com referências individuais a serem arrastados pelos avançados e a abrirem espaços no corredor central que o Benfica poderia ter aproveitado para marcar mais golos. Além disso, a táctica inicial de Peseiro mostrou-se totalmente inadequada.

Em organização ofensiva, o Braga não parece ter grandes soluções que não seja o cruzamento para a área, o que contra equipas que se fechem pode ser um grande problema. Além disso, as equipas de Peseiro costumam ser fracas na transição defensiva. Se Rafa sair, será uma baixa significativa, ao contrário de Boly que tirando os bons lançamentos longos na profundidade e o jogo pelo ar, teve uma prestação defensiva miserável.

O Benfica entrou bem mas demonstrou muitas dificuldades quando o Braga mudou de sistema e começou a pressionar a saída de bola. Sem capacidade para sair a jogar a partir detrás, com Mitroglou a perder quase todos os duelos aéreos, o Benfica perdeu o domínio do jogo. Para quem dizia que a saída de Renato Sanches era um grande problema, André Horta respondeu com uma grande exibição no primeiro jogo oficial. Horta mostrou ser capaz de comer metros com a bola controlada, mas ao contrário de Renato, mostra ter muito mais critério apesar de uma ou outra perda de bola. Adicionalmente mostra um compromisso defensivo muito superior ao que Renato Sanches mostrava. Se conseguir manter esta bitola ao longo da época, André Horta poderá ser a venda de grande valor do próximo verão.

Defensivamente o Benfica está muito mais fraco do que mostrou na época passada e mesmo nesta pré-época. A entrada de Luisão apresenta grandes riscos para o tipo de defesa zonal em linha com bloco médio/alto e grande projecção ofensiva dos laterais. Sendo conhecedor das suas limitações, em especial da falta de velocidade de deslocamento, Luisão opta por estar sempre dois a três passos mais atrás da linha. Além disso, Luisão perde-se em referências individuais e é lento a reagir, na mudança de apoios, ao jogo.

Com Jardel no lugar de Luisão é muito provável que estes problemas desapareçam em grande medida, embora seja necessário trabalhar a basculação e as coberturas defensivas, bem como a protecção do espaço à frente dos centrais. Fejsa, talvez or vir de lesão, teve um desempenho muito abaixo do habitual, somando perdas de bola e não estando posicionalmente a um nível positivo.

Ofensivamente, com Pizzi e Cervi (duas exibições bastante razoáveis mas pouco constantes) a alternarem com os laterais Semedo e Grimaldo entre jogar fora ou vir para o corredor central, jogando bem dentro do bloco, bem como fazendo triângulos com os avançados, especialmente Jonas, ou com Horta, o Benfica poderá ser novamente uma máquina de golos, devido à grande qualidade técnica dos jogadores do Benfica e ao facto de os adversários usarem muitas referências individuais que originam desposicionamentos e aclaramento de espaços no corredor central.

Estamos no início da época, mas José Peseiro e Rui Vitória têm muito que trabalhar para que as suas equipas eliminem muitas das fragilidades apresentadas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Supertaça - Benfica-Braga Análise da 1.ª Parte

Depois de uma fase de estudo inicial de cerca de 4 minutos, o Benfica adoptou uma toada mais ofensiva e chegou ao golo após uma boa jogada individual do Cervi aos 10 minutos. O Benfica continuou a mandar no jogo até que José Peseiro decidiu mudar do 4-3-3 inicial para o 4-4-2. A partir desse momento, por volta dos 20 a 25 minutos, o Braga começou a dividir o jogo e terminou a primeira parte a dominar o jogo. Domínio esse que se estendeu ao longo da segunda parte com a criação de muitas oportunidades e uma grande exibição de Júlio César, até que uma combinação entre Jonas e Pizzi, permitiu ao melhor marcador do campeonato da época transacta fazer o 2-0 e decidir o jogo.

Benfica 4-4-2

Júlio César
Nélson Semedo, Luisão, Lindelof e Grimaldo
Fejsa, André Horta, Pizzi e Cervi
Jonas e Mitroglou

Braga 4-3-3
Marafona
Baiano, BolyAndré Pinto e Goiano
Mauro, Pedro Tiba e Vukcevic
Pedro Santos, Stojiljkovic e Rafa

1-0 Cervi aos 10 minutos
2-0 Jonas aos 75 minutos
3-0 Pizzi aos 90 minutos

Com um 4-3-3 em que não pressionava a saída de bola, pois essa pressão só acontecia no seu meio-campo defensivo, o Braga permitiu ao Benfica uma construção segura em que a projecção dos laterais pelas alas assegurava que os ataques tivessem muitos jogadores envolvidos. Pizzi e Cervi ora procuravam o interior, deixando as alas para Semedo e Grimaldo, ora ficavam na ala a assegurar a largura máxima, permitindo aos laterais o ataque a zonas mais interiores, aproveitando sempre para combinar com Jonas/Horta, à direita e com Mitroglou à esquerda, fazendo triângulos que permitiam ultrapassar os defesas do Braga em combinações. Por seu lado, o Braga optava por bolas longas que normalmente eram resolvidas pela defesa do Benfica com facilidade.

Depois de dois lances perigosos aos 5 e 7 minutos, após uma subida de Grimaldo, Cervi recebeu um passe na parte de fora da área do lado esquerdo e com uma boa jogada individual finalizou na cara de Marafona.



Pedro Santos foi ultrapassado na lateral por Grimaldo e Baiano tentou sair ao lateral benfiquista. Grimaldo passou para Cervi e este aproveitou o imenso espaço entre Boly e Goiano.  É evidente o mau posicionamento da defesa do Braga.



Como Boly não ofereceu a cobertura no momento certo, foi em esforço tentar evitar o remate de Cervi e bastou uma finta para o colocar fora do lance. Optou pelo remate com o pé mais fraco e marcou, mas também poderia ter assistido Mitroglou.


Rápida reacção à perda de bola

Atordoados pelo golo e pela entrada do Benfica, os jogadores do Braga pareciam não ter resposta, pelo que o Benfica continuou a criar jogadas de perigo. Após mais uma jogada pela dupla Grimaldo-Cervi no lado esquerdo, o Braga alivia e os jogadores do Benfica são rápidos na recuperação de bola, tendo Semedo acertado no poste aos 15 minutos, após um remate que foi desviado por André Pinto.


Triângulos benfiquistas nas laterais 

O Benfica aproveitava as enormes dificuldades de Boly no posicionamento, para com os seus triângulos criar jogadas de perigo. Baiano estava bem posicionado em função da posição de Boly, mas como este estava no lugar errado, Mitroglou nas costas de Baiano poderia ser sempre uma solução para a conclusão. André Pinto iria cortar a bola e apenas a má execução de Cervi (que não aparece na imagem) salvou o Braga do 2-0.

Após mais umas jogadas de perigo Peseiro falou com Pedro Santos, colocou-o na esquerda e Rafa foi-se juntar a Stojiljkovic na frente de ataque, mudando do 4-3-3 para o 4-4-2 aos 20 minutos de jogo. Horta ainda criou um lance de perigo, mas aos 22 minutos, depois de mais uma bola longa, Pedro Santos testa pela primeira vez Júlio César. A primeira má abordagem de Luisão na cobertura a Semedo indicava o que estava pela frente.

O Braga começou a pressionar no meio-campo do Benfica, por vezes até à área, tentando dificultar a primeira fase de construção, mas continuando a refugiar-se no seu meio-campo defensivo. No entanto, ao pressionar nos pontapés de baliza, limitava o número de vezes que o Benfica podia começar a construir a partir de trás.

Aos 29 minutos, depois de uma perda de Pizzi no meio-campo ofensivo, transição rápida pelo lado direito, Luisão a não oferecer cobertura a Semedo, Horta a não conseguir acompanhar Pedro Santos e uma tabela e permitiu ao bracarense ultrapassar o lateral benfiquista e rematar da linha lateral da grande área para defesa de Júlio César.


A consequência deste mau posicionamento de Luisão foi:


Pedro Santos com duas opções: cruzar para Stojiljkovic, que tinha a frente ganha a Lindelof, finalizar na cara de Júlio César ou rematar. A opção pela segunda permitiu a Júlio César voltar a brilhar.

No minuto seguinte, pontapé de baliza para o Braga, Luisão salta e faz falta, que é marcada rapidamente e aproveitando o desequilíbrio da defesa, após um 2vs1 sobre Lindelof, Rafa passa a Pedro Santos e este opta por rematar cruzado ao lado da baliza em vez de passar atrasado para a entrada da área. As más opções de Pedro Santos custaram oportunidades flagrantes.


Fejsa a não ocupar o lugar à frente dos centrais e um cruzamento atrasado e teríamos a repetição de um dos golos do Lyon. A defesa do Benfica estava com os apoios todos virados para trás, excepto Grimaldo, Lindelof estava na contenção, Semedo na cobertura e Luisão com os apoios completamente errados, pois seria incapaz de reagir a um cruzamento atrasado visto só estar preocupado em recuperar a sua posição.




Por volta da meia-hora, já o Braga assumia a pressão sobre a saída da bola desde o guarda-redes numa base mais constante obrigando o Júlio César a bater na frente. Dessa pressão resulta uma recuperação de bola após a perda de Horta e Pedro Santos finalmente toma a decisão correcta, só que Rafa falha a execução e o empate.





Horta perdeu a bola e juntamente com Semedo e Grimaldo, que estavam mais adiantados, não conseguem recuperar defensivamente. Fejsa fecha bem o espaço ao meio, mas Luisão opta por não fazer contenção permitindo a Pedro Santos cruzar para o segundo poste onde Rafa aparece nas costas de Lindelof. O Braga estava cada vez mais perto do empate.

Perto do intervalo os últimos lances de perigo do Braga. 


Rafa ganha a Lindelof, Luisão sai na contenção


Lindelof vai recuperar para tentar oferecer cobertura a Luisão mas fica um bocado 
preso com a referência do adversário, Semedo recupera bem para assegurar a largura


Semedo a fazer a contenção a Pedro Tiba que recebe o cruzamento de Rafa.


Na sequência deste lance há um cruzamento da direita e Júlio César
tem uma má intervenção mas a defesa alivia.

O último lance de perigo é um remate de Goiano que surge depois de um cruzamento da direita de Baiano, Luisão alivia de cabeça e Semedo fica preso no bloqueio sendo incapaz de fazer a contenção.



Na resposta, uma má execução de Fejsa não permite ao Benfica criar um lance de muito perigo, dada a vantagem no corredor central.




Foi uma primeira parte em que o Benfica entrou forte, marcou e criou várias jogadas de perigo, mas depois o Braga respondeu e algumas más decisões e execuções impediram que o resultado se alterasse. Júlio César mostrou estar sempre à altura dos acontecimentos.